quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Ilha da Trindade I


      
                                                                   PRIMEIRA PARTE                

            No ano de 1976 concluí o curso de Aperfeiçoamento de Motores e Máquinas Especiais no Centro de Instrução Almirante Wandenkolk (CIAW), na Ilha das Enxadas e de lá embarquei no Contratorpedeiro Maranhão, D33 do Primeiro Esquadrão de CTs da Esquadra, o Fita Azul, que ostentava no passadiço, o símbolo ECO Barra, testemunho de sua eficiência no mar. Foi desse navio que tive a oportunidade de servir na Ilha Trindade como voluntário isso em 1978, sonho antigo que alimentava desde os tempos de Grumete. O embarque na Trindade era por um período de cinco meses, sem opção de dobrar. Fiquei concentrado na Ilha Fiscal, sede da Diretoria de Hidrografia e Navegação, cerca de dez dias com quinze companheiros recebendo informações com palestras valiosas como proceder na ilha.
            A Ilha da Trindade é a ultima porção de terra do Brasil a 1140 quilômetros de Vitória (ES) e a 2400 km da África; é lá que o Brasil começa, se baseando onde o sol nasce. Em 14 de Abril 1978 a Corveta Baiana larga do cais da DHN (Diretoria de Hidrografia e Navegação) conduzindo uma parte da guarnição da Ilha e começa uma viagem de três dias com o mar grosso e ventos fortes.
             Na corveta encontrei colegas que em outras oportunidades servimos juntos e, por isso fiz uma viagem tranqüila, porque a classe de navio me era familiar, pois já havia passado pelas Corvetas: Caboclo, Purus e Ipiranga. A estima de chegar à Ilha era para as dez horas da manhã do dia 17 de abril, entretanto, o mar muito picado concorreu para que o barco fundeasse às quatro horas da tarde. Antes de conhecer a Ilha eu não fazia idéia de como seria Trindade, mas ao chegar ao ponto de fundeio (Praia dos Portugueses), diante das rochas e paredões na minha frente e o tempo frio e nevoento que pairava no local, senti um forte temor. Aliado a essa apresentação, lembrei-me do que me passaram na DHN quanto ao desembarque para a praia, que seria por meio de uma Cabrita, nome dado a um pequeno batelão que “pulava” as ondas e que geralmente virava na arrebentação. Enfim, o desembarque foi feito sem maiores atropelos. Quando saltei na rampa fui apresentado ao sargento encarregado da Usina de Eletricidade, que seria a minha incumbência nos próximos cinco meses. O ambiente era de muito alvoroço e contentamento para os dezesseis homens que regressariam para o Rio como também para os demais que ficariam com a minha turma por mais dois meses. O sistema era assim: a metade da guarnição voltava para o Rio de Janeiro e a outra metade, com dois meses de experiência, ficava com a nova turma, servindo de guia nos meses seguintes.        A rampa na qual se procedia ao desembarque, se alargava em uma pracinha onde se via uns frondosos pés de Amêndoas e de coqueiros açoitados pelos ventos constantes.
                                              

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