terça-feira, 21 de maio de 2013

Flagrante Singular



                      Os Navios da Marinha de Guerra do Brasil, sempre foram ao longo dos tempos alvos de curiosidades da comunidade civil.  Como seria lá dentro?  Cozinha, alojamentos, banheiros, etc. Na realidade o navio em atividade é uma casa ambulante onde existe tudo que nós desfrutamos em terra. Se um barco estiver no meio do oceano, funciona ali a cozinha, os quartos de dormir, banheiros, sala de televisão e outras comodidades que a vida em terra oferece. A Marinha sabia disso e, facilitava aos curiosos, visitação pública em dias especiais na Base Naval de Natal, como arribada nos portos e datas festivas: 11 de Junho, Batalha Naval de Riachuelo e 13 de Dezembro, Dia do Marinheiro.
                 No início da década de 60 passei a conviver com os navios da área do 3º Distrito Naval em Natal. Eram navios de pequenos e médios portes tais como: Navios Faroleiros navios patrulha e as muito conhecidas Corvetas. Esse tipo de navio, já de porte médio, tinha uma guarnição de 60 homens. Na época tínhamos quatro corvetas acantonadas na Base Naval de Natal compondo a Força Patrulha Costeira do Nordeste, (Forpacone): CV Caboclo V19, CV Forte de Coimbra V18, CV Ipiranga V17 e CV Purus V23. Esses navios aplicavam uma política muito salutar com as praças mais graduadas. Era facilitado ao Sargento ou Cabo quando de serviço nos finais de semana, trazer a família: esposa ou namorada para almoçar a bordo. Essa forma democrática de relacionamento tinha um cunho social de interação de o familiar conhecer o ambiente de trabalho do namorado ou marido a bordo de um navio que para um civil era um momento privilegiado.
 Eu na época, CABO-MO, presenciei um fato curioso num desses finais de semana.  O cabo eletricista Osmar, muito paquerador, prometia um dia levar a esposa para almoçar a bordo, (CV Forte Coimbra-V-18), mas sempre inventava uma desculpa ficando para outra oportunidade. O sonho de Amélia era conhecer e entrar no navio do maridão. Para se entrar na Base, a visita se apresentava no portão principal e falar com o sargento da guarda.  O mais antigo escalava um marujo para guiar a visita até o navio. O cais ficava a uma distância razoável e demandava certo tempo o marinheiro deixar uma pessoa Lá embaixo e retornar ao portão.
Em uma tarde de domingo, Amélia pega o fusquinha e resolve fazer uma surpresa ao marido. No portão da base naval ela fala com o sargento da guarda que pretendia visitar a Corveta Forte de Coimbra. Naquele momento um auxiliar da guarda tinha descido a ladeira conduzindo um visitante. Uma jovem muito bonitinha se aproxima e fala para o chefe da guarda: - Sargento, eu conheço bem o caminho e coincidentemente estou indo para a Corveta e se a senhora me der uma carona... Tudo resolvido as mulheres descem a ladeira num papo muito amistoso. – “Então, ainda não conhece o navio?” Amélia, mais contida dizia, - estou fazendo meu debut aqui na base hoje. - Ah, o que é que o teu marido faz a bordo pergunta à jovem? – Eletricista, diz Amélia! – O meu marido também, responde a outra.  O carro estaciona no cais elas caminham para o navio. – Amélia curiosa indaga:- como se chama mesmo o teu marido? Osmar, muito fofo! Pera aí, o meu também se chama Osmar! A coisa degringolou, e o cabo Osmar ao ver as duas encrencas juntas teve uma Crise de Camaleão, isto é, mudou de cor varias vezes e desabou como um fardo no convés. Desolada Amélia esperou o Garanhão acordar e disse entre dentes:- em casa a gente conversa!

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